domingo, 3 de abril de 2011

As controversias de uma relação

As pessoas nunca se conhecerão uma ás outras, de fato, pois nem mesmo conhecem direito á sí mesmo. Aqueles que não se descuidam de suas consciencias têm um pouco mais de chances de relacionarem-se de forma menos errônea ou conturbada, entretanto, nem por isso passam por situações de desconforto e angustia, muito embora estejam mais qualificadas para superarem melhor as adversidades. E, como premio elas sempre recebem criticas construtivas e algumas um tanto impróprias, são alvos fáceis de inveja, despeito, aleivosias,etc. Na maioria das vezes incompreendidos devido a personalidade forte, passiva, revolucionária e não obstante, destemidamente autenticas.
Em toda a minha vida, até agora, ao longo de meu cinquentenário, jamais encontrei remédios que melhor combatessem o mal da adversidade entre casais. É lógico que toda a humanidade se debate em torno de uma eficácia que possa melhor traduzir estas questões. Médicos, Estudiosos, Psiquiatras, Psicólogos, Cientistas, Padres e Pastores. Todos costumam levar para suas retóricas de forma conveniente, automática e demagógica esse tema que não só parece mas que evidentemente é a salvação do homen nessa sociedade em que todos caminham mas não sabem exatamente para onde.
Á princípio, numa relação, como já é preconizado popularmente: é tudo uma maravilha.
Certa feita, um amigo que já estava entranto na fase dos “enta”, isto é, já completara quarenta anos, foi inocentemente assediado por uma jovem que acabara de comemorar vinte. Acontece que a jovem era de familia humilde e tivera até aquela altura uma dificuldade muito grande, devido a uma criação austera de um pai enérgico e retrógrado que a unica coisa que lhe permitia era mergulhar nos estudos de forma incondicional, permitindo dessa forma que a sua mente fosse completamente ilustrada pelos saberes eruditos porem sem nenhuma experiencia de vida á qual ela só conhecia através dos livros, slides e discussões que, na maioria, assuntos supérfluos em rodinhas de poucos amigos quando lhe era permitido. Já o meu amigo era um grandiloquente nas esferas diversas da sociedade. Um sujeito inteligente e muito prestimoso que cultivava a amizade e era admirado pelas pessoas que o conheciam em alguma oportunidade. Era seguro e convicto de si e isso atraiu bastante a jovem recem graduada mas carente de afeto; obediente e sensata mas fragil e sedenta de experiencias de vida, de amor ou até mesmo uma estonteante paixão. E foi justamente estonteante, para a jovem, o elixir desabroxante que estimulou em suas entranhas um sentimento jamais vivido ou jamais conhecido por suas faculdades tão sãs quanto inertes e mortais. Numa tarde de verão de um ano proeminentemente promissor, sentados num pequeno banco na varanda de casa, a jovem fez uma confissão áquele que prometera ser apenas seu amigo, despido de qualquer outra intenção, devido as circunstancias em que vivia naquela altura de seus quarenta anos sem que aparentasse a tenra e auspiciosa idade. Segundo ela estaria perdidamente apaixonada por ele e ele contestara este sentimento ressaltando alguns pontos de vista que a jovem não aceitava mas que ele achava que deveriam ser considerados como fatores preponderantes e de efeitos inevitáveis a curto e médio prazo. Ele enalteceu a nobreza do suposto sentimento que a jovem relatava, cercou-se de cuidados para que ela não pudesse confundir-se sem no entanto ser essa efetivamente a intenção que por hora sobrevoava o imaginário da garota apaixonada.
Sem deixar o ego extrapolar-se a dura e quase inflexivel razão o amigo reiterou suas modestas intenções com respeito e carinho áquela á quem havia sido o anjo da guarda quando num dia fatídico havia sido tomada de um mal súbito na rua e ao recobrar os sentidos estava sendo atendida e medicada numa maca de uma enfermaria hospitalar acompanhada pelo estranho que salvara a sua vida e que por sua dedicação despertara nela um sentimento que mudaria de forma radical a sua visão em relação ao comportamento humano derrubando alguns conceitos arraigados, conflituosos e premeditados pela mente febril e meticulosa de seu Pai. A jovem era filha única e o meu amigo refletiu consideravelmente sobre tudo isso e todas as questões possiveis que podem inevitavelmente advir em uma relação.
Contudo, ficaram juntos durante quase um ano. O ciume da jovem era doentio. E isso era compreensivel. A sua vacilação com relação ao sentimento tão fervorosamente defendido é que começou a ser notado muito embora ainda não aceito pela mesma devido a alguma insegurança que a tornava refem de um passado pouco distante e que continuava evidentemente muito vivo em sua memória.
Ingressou pela 1ª vez no mercado de trabalho por incentivo do meu amigo que tentava de tudo, em seu particular metodo pedagógico, mostrar á si mesmo de que não estava enganado em suas preconizações filosóficas. Desta forma tambem investiu na jovem quando esta já um pouco mais segura de sí resolveu se dedicar ás artes cenicas ingressando numa trupe teatral. E, dessa forma, a relação foi saindo da fantasia(ou o contrário, talvez) e tomando contornos mais reais diante das estratégias que o destino apresenta e as intermináveis direções que são descortinadas diante de olhos que não se permitem ou se conformam com a atrofia que se lhes penumbra dificultando a possibilidade de uma maior visão. Se, melhor, já passa a ser uma questão de didática.
Enfim, hoje são grandes amigos e o amor fraternal que os une é maior que um suposto sentimento que a jovem anteriormente acreditara.
A ilusão é uma dose exagerada; é um gole descontrolado; é um golpe baixo que eleva o prazer de um irreal sentimento derrubando na lona uma serie de faz de contas fragilizada, como uma face púbere e imberbe que espera ter sempre razão.


* O perigoso numa relação á dois e o mais triste é que, inconscientemente, alguem se mata e, pretenciosamente, procura sempre matar o outro.