terça-feira, 25 de março de 2014

Analista Urbano

Roberto Carlos disse uma vez em uma de suas músicas que o taxista é um “analista urbano”. E não só. Porem, eu acredito que o Taxista deve ser antes de tudo ético e só se manifestar quando necessário. Portanto deve ser surdo, mudo e, eventualmente, cego. Entretanto, fora de suas atividades ele deve ser um sujeito normal. Por isso, acho interessante compartilhar alguns acontecimentos que surgem enquanto sou dublê de analista urbano, cego, surdo e... mudo.
No interior de um taxi, durante a viagem, surgem vários assuntos. Discutem-se política, comportamentos; fala-se sobre religião e, sobretudo expõem-se opiniões sobre os diversos temas que estão em voga.
Hoje, por exemplo, ouvi duas criticas sobre a campanha de vacinação nas escolas em estudantes de 11 a 13 anos que devem tomar a vacina contra o vírus HPV e o fato de ter muitas das adolescentes passado mal e tendo que recorrer aos hospitais após tomar a vacina.
A primeira foi uma senhora, de meia idade, que demonstrando uma “preocupação” debochada e num tom zombeteiro me indagou: “Será que essas reações nessas meninas devem ser porque a vacina é para aquelas que ainda não iniciaram a vida sexual? Ora, subentende-se que a vacina deve ser para as virgens...”
Por sorte o meu telefone tocou no momento em que eu encostava o carro para a passageira descer.

A Segunda veio de um rapaz que tinha ares de revolucionário. Apertando os olhos por trás de grossas lentes deixou escapar, quase como um grunhido, o seu comentário ao ouvir a mesma noticia na tela da minúscula TV que carrego no carro: “Essas vacinas do Paraguai...”

sexta-feira, 21 de março de 2014

Acho engraçado quando ouço expressões de pessoas como "essas coisas só acontecem aqui no Brasil!" ou, em tom crítico, "isso é Brasil". E muitas outras frases feitas, ignorantes e mal pensadas. Na verdade, eu não acho engraçado, porem prefiro não dizer o que realmente sinto. Parece difícil para certas pessoas avaliarem os acontecimentos sociais, políticos e econômicos de nosso país. Tanto quanto parece também difícil, disponibilizarem um tempo para refletirem sobre seus momentos e suas condições. Ora, é muito, mas muito fácil mesmo deixar que outros pensem por nós; responsabilizar alguém por nossos erros e delegar, como em período eleitoral, o nosso direito de decisão para pessoas que nunca vimos ou conhecemos e, pior, que jamais teremos a coragem de peitar, cobrar ou mesmo fiscalizar enquanto usam e abusam do poder que abdicamos. Portanto, essas pessoas que acham bonito usar meia dúzia de frases chulas e sem noção e até por isso já se acham intelectuais e grandes entendedores do assunto, não se dão conta de que o conteúdo ao qual querem se referir não é tão complexo e não exige tanta pretensão. Basta que recorramos ao básico. Na Sociedade, por exemplo, é preciso ter Bom Senso e nada mais. Na política, devemos ter participação. Na sua rua, no seu bairro, no seu município, no seu Estado e no País, você é a peça fundamental para que toda a engrenagem que moverá a sua vida possa ter sincronia, sintonia, para que o seu corpo e a sua mente possam estar completamente harmonizadas.

Vá á escola, vá ao Teatro, Vá á Câmara de Vereadores, Participe dos valores e defenda o seu direito de estado.
E, quando pensar em criticar, saiba do direito que o outro tem de criticá-lo.