quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Avenida Brasil e A Pedagogia do Mau



Que a Rede Globo de Televisão é uma sumidade em matéria de novelas isso é indiscutível. Entretanto, que os seus autores ou a filosofia de seu sistema são contrária á formação saudável, ou como deveria ser do caráter do povo, isso também não deixa dúvidas. É lamentável que uma emissora de suporte tão ambivalente, com uma estrutura de dar inveja a suas concorrentes e com a sorte de ter um elenco histórico de grandes atrizes e atores que ao longo de décadas interpretaram personagens com uma potencialidade tão verdadeira a ponto de nos transportar e nos fazer refletir sobre a vida em sua infinita referência com relação à arte e vice e versa. Personagens reais que podemos considerar verdadeiros patrimônios da expressão cultural brasileira. Alguns já não estão mais juntos á nós, mas outros ainda nos agraciam como ilustres representantes da já tão desgastada e confusa identidade naturalmente brasileira. Infelizmente hoje temos que conviver com este desgaste e esse desvirtuamento de nossa brasilidade.

Lamentavelmente não nos dá mais nenhuma chance de reunião familiar ou entre amigos frente á um aparelho de TV para uma programação que seja no mínimo interessante. As discussões de temas focados em eventos novelescos, satíricos ou de qualquer outro entretenimento que deveria tomar proporções mais vantajosas no sentido de aproveitamento cultural, hoje são simplesmente debates onde o choque de opiniões ultrapassa os limites da pieguice, da hipocrisia, da discrepância, da indiferença, da concorrência, da insanidade e alienação. Não quero comentar aqui programas de domingo, semanais pela manhã ou mesmo filmes de sessão da tarde. Não pretendo colocar qualquer tipo de duvidas ou influenciar no gosto ou na preferência do telespectador, muito pelo contrário. Talvez o que queira mesmo é chamar a atenção das pessoas para que elas exerçam mesmo e de forma salutar o seu direito á criticas e ás escolhas sem permitir que o sistema devorador de mentes humanas, travestido, fantasiado como órgão de comunicação possa vir ocupar um espaço que naturalmente é seu e não permitir qualquer imposição na sua formação de forma tão degradante e mesquinha. Na verdade, a sociedade não é feita só de “Carminhas, Ninas e Jorginhos”. E a vida não passa somente pela Avenida Brasil. E o mau... ah! O mau. Quem o pratica não deveria sofrer as suas conseqüências só quando não há mais argumentos para se esticar uma novela tentando explicar o que foi por tanto tempo ignorado. Isso assim é sem graça. Os autores não são didáticos e nem deuses para brincarem com consciências deliberando sobre o juízo final.